quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Revolta do Quebra Quilos e sua repercussão na cidade de Caicó (RN)





Em 1670 o padre Gabriel Mouton, que era matemático,  inventava na França um novo sistema de pesos e medidas que iria nos séculos seguintes se espalhar por todo o mundo, inclusive para o Brasil. A invenção desse novo sistema irar confrontar com as culturas existente em vários lugares nos quais ele será implantado. Na própria frança, inclusive, os novos modos de pesar e de medir só serão implantados cem anos depois, sob os cuidados do rei Napoleão para não provocar choques na população.

No Brasil, a lei que criava um novo sistema de pesos e medidas foi assinada em 26 de junho de 1862 pelo Imperador D. Pedro II e por João Luís Vieira Cansansão, Visconde de Sinimbu, Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. A nova lei teria, a partir da data citada, 10 anos para que pudesse haver a devida adaptação da população e do comercio brasileiro.

Mesmo tendo um prazo de 10 anos para que a nova lei entrasse em vigor vários seguimentos da sociedade mostraram-se descontente, alegando dificuldade para adquirir os instrumentos necessários, como pesos e balanças. Havia também explicações religiosas para contesta a nova lei, pois, alguns afirmavam que os pesos eram invenções do demônio para oprimir os pobres e favorecer ainda mais os ricos. No entanto, proprietários de terras e muitos comerciantes considerados ricos também condenavam a mudança.

A lei estabelecia punições para os que descumprisse. Inicialmente era atribuído pena de prisão de até um mês e multa de 100 mil réis para os que não cumprissem a referida lei.
Essa insatisfação atingia principalmente os nordestino, fazendo com que a partir de 1872, data em que a lei passa a vigorar, estourasse uma serie de revolta que se estendeu por uma prazo em torno de dois anos.


O Reação do Nordeste ao novo sistema de peso e medias


Cinco estados nordestino registram acontecimentos relacionados com o fato histórico que ficou conhecido como revolta do Quebra Quilo: Pernambuco, Paraíba,  Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará.

Segundo nos conta o historiador Muirakytan K. de Macêdo, a lei que mudava as formas de pesar e medir no Brasil não foi a causa única do Quebra Quilos, mas, isso sim, o cumulo de uma serie de medidas que prejudicavam os nordestinos. A esse respeito Macêdo nos relata que:

vilas inteiras do Norte rebelaram-se contra a implantação de um novo sistema métrico, saqueando feiras e destruindo pesos e medidas do comércio. Os pesos e medidas eram alugados ou comprados à Câmara Municipal, que cobrava ainda por sua aferição. Um dos impostos que provocaram a ira dos revoltosos foi o chamado "imposto do chão", cobrado àqueles que expunham suas mercadorias no chão da feira. Na verdade, não podemos reduzir essa sedição somente à insatisfação contra a imposição do novo sistema de mensuração das mercadorias. O Quebra-Quilos foi a gota d’água entornada no caldeirão de novos impostos e novas regras de recrutamento - dizia-se na época que não escapariam do "voluntariado" militar nem as pessoas de posses. Por essas razões, juntavam-se na mesma turba de revoltosos, comerciantes, elementos da camada proprietária, pequenos agricultores que vendiam sua produção semanalmente na feira e consumidores atingidos com a elevação de preços dos produtos.


Desorganização, ausência de lideres e heróis, dão ao Quebra Quilos característica de banditismo e Violência.


Segundo a opinião da historiadora Ariane Norma de Menezes Sá a revolta do Quebra Quilos pecou pela desorganização, pois, diferente de outras rebeliões ocorridas no período imperial, faltava a presença de lideres, a definição de objetivos a serem alcançados, uma proposta política de mudança social. O acontecimento tratava-se, partindo da visão de da mencionada historiadora, de bandos de nordestino armados improvisadamente que, movido por uma grande insatisfação com as medidas do governo, promoveram ações de furtos e violência. Sobre isso, Meneses Sá nos diz que a Quebra-quilos eram:


bandos de homens armados com foice, cacete e bacamarte, sob o comando de chefes eventuais, cujo número apresentado pela documentação variava de 30 a 600, entravam em assaltos nas mais diferentes localidades (termos, comarcas, vilas e cidades), nos dias de feiras semanais


A revolta teve inicio de modo semelhante em todas as localidades por onde ocorreu. Manifestantes enfurecidos invadiam as feiras municipais e os estabelecimentos comerciais destruindo os sistemas de pesos e medidas que encontravam pela frente.


O quebra Quilos em Caicó (RN)
                                                        Praça da liberdade

Na província do Rio Grande do norte houve revolta em 13 província das quais 5 eram da região Seridó: Acari, Currais Novos, Flores, Jardim e Príncipe (atual Caicó).

Em Caicó o palco principal do Quebra Quilos foi a atual Praça da Liberdade ( ou Senador Dinarte Mariz), aonde na época estava localizado o mercado publico e a feira da cidade.

Os manifestantes invadiram os estabelecimentos comerciais e apreenderam vários pesos metálicos.Em seguida, os manifestantes dirigiram-se para o poço de Santana aonde os pesos foram atirados.
                                           Poço de Santana

Repressão aos Revoltosos


O governo imperial tratou logo de persegui e reprimir  os manifestante. Os prisioneiros foram obrigados a pagar os pesos e balanças que quebraram. Além disso, sofreram torturas das quais se destaca a que ficou conhecida como método do colete de couro, no qual uma vez vestido com esses coletes os prisioneiro passavam a ser molhados. O couro molhado encolhia, espremendo o tórax do cidadão, deixando-o quase sem ar.

Mais uma vez as reivindicações sociais no Brasil Imperial era resolvido por meio da força, da violência física, enquanto a população, em particular a do nordeste, era forçada a acatar a vontade do tirano e a permanecer, ordeiramente, em estado de miséria.



Sites e Blogs pesquisados:





Nenhum comentário:

Postar um comentário